Ele tem mais de três décadas de gastronomia. Já colocou a mão na massa, foi gestor, teve restaurante, aprendeu e ensinou. Teve escola e restaurante em Gramado fez sua formação no Italian Culinary Institute for Foreigners no Brasil e na Itália. É um chef conhecido na serra gaúcha e super respeitado. Mas pra mim, ele é simplesmente o Muskito!
Conheci Luiz Carlos Moschem no início dos anos 2000. Ele tinha um restaurante chamado Moscerino (em italiano: mosquito, o apelido do chef). Ficava em Gramado e fazia uma Gastronomia muito diferente do padrão turístico da Serra Gaúcha. Era uma comida refinada e ao mesmo tempo muito saborosa. Bem empratada, bonita de se ver. Perfumada. Com tempero e sabor! Sabe aquela comida que te transporta? Para lugares, para memórias, para as melhores sensações? Essa era a comida do Moscerino. E era surpreendentemente barata para os padrões gramadenses. O restaurante estava sempre cheio, mas não de turistas, eram moradores da região ou quem tinha casa por lá e que não perdia a oportunidade de comer bem, beber bem, encontrar pessoas e curtir aquele ambiente acolhedor. Sim, porque o restaurante era bonito, mas sem pompa. Todo envidraçado, tinha uma árvore no centro, rodeada por mesas. Era quentinho (sempre tinha uma lareira acesa) e sempre davam um jeito de encaixar mais uma mesa ou mais uma cadeira. Os atendentes eram simpatia pura!
Quando eu conheci o Muskito entendi tudo. De onde vinha essa hospitalidade, esse acolhimento. Era o próprio! Gaúcho de nascimento (mas baiano de coração), descendente de italianos, ele tem essa coisa querida que só os italianos tem: te abraçam com a comida, com um sorriso ou uma gentileza. E assim o Muskito foi nos conquistando: arrumando um lugar pra gente entrar nas noites frias do inverno gaúcho, ajeitando um cantinho mais escuro pros meus meninos dormirem enquanto a gente jantava, nos contando histórias maravilhosas e até servindo de “modelo” pro Antônio e pro Valentim desenharem ele pilotando as panelas! E a comida? Ah, tinha o Puntini di Maiale, os famosos tomates desidratados do Muskito e as codornas com polenta mole acompanhadas de spaghetti ao ragu de Ossobuco. Esse era imbatível, o prato que a gente sempre pedia. E assim passaram-se anos. Meus guris cresceram, a gente construiu uma casa em Gramado. Levamos os pais, a sogra, os amigos. Nao tinha pra ninguém: a gente nao trocava o Moscerino por nenhum outro restaurante. Tinha finais de semana que a gente ia lá na sexta e voltava no sábado pra jantar…
Mas o perfil de Gramado foi mudando, manter negócios – especialmente restaurantes – de qualidade foi ficando difícil e o Muskito foi sentindo isso e talvez tenha cansado desta correria de restaurante… O fato é que quando recebemos a notícia que o ‘nosso’ restaurante em Gramado ia fechar foi um baque. Uma tristeza enorme e não é exagero dizer: parecia que tínhamos perdido alguém da família. Perdemos contato com o chef, ouvíamos falar dele por conhecidos e amigos em comum.
Até que as redes sociais nos botaram em contato de novo e descobrimos que o inquieto Muskito estava aprendendo e empreendendo em queijos. O chef estudou, pesquisou, se preparou… e virou queijeiro. E como tudo que ele faz é com dedicação (e amor!), os resultados já apareceram. O novo negocio que começou em 2020 com ele ‘desconstruindo e reconstruindo’ um Camembert virou a Locanda Moscerino e o Brie Noir do chef já recebeu a medalha de ouro no 2º Concurso Estadual de Queijos Artesanais, realizado este ano em Porto Alegre. Hoje ele já tem mais três queijos autorais no mercado, comercializados em lojas e empórios da região e tem capacidade de produzir cerca de 500 peças diárias.
Mas o Muskito continua igualzinho. Aquele cara simples, sempre com um sorriso no rosto. Sotaque serrano, falando baixinho que não gosta de frio e que adora a Bahia. E contando, empolgado sobre seus queijos. E quando ele me ouviu, numa live do Quase Sem pauta, comentando com a Porto sobre o ‘tal ragu de ossubuco do chef Muskito’ sabe o que ele fez? Mandou a receita. Pra dividir com a gente e com todos que quiserem. Porque esse é o espirito de pessoas incríveis como ele. Afinal, o que é bom merece ser dividido não é mesmo? Por isso que hoje resolvi dividir um pouco da bela história dele com vocês!
Obrigada Muskito, por essa gentileza e por fazer parte das minhas melhores memórias gastronômicas. E receita está aqui, pra quem quiser se arriscar: vale a pena é uma delícia. E quando fizerem, publiquem as fotos e marquem @quasesempauta, vamos adorar replicar.
Ossobuco | |
Tipo de cozinha: Italiana
Ordem: prato principal Categoria: Verdura Período: Todo ano Tempo de preparo: 90 minutos Grau de dificuldade: * |
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Ingredientes:
04 ossos buco da perna traseira (4cm altura) 01 Cebola media mirepoix 02 Dentes de alho mirepoix 1/2 Molho de salsinha com os talos 02 folhas de louro Salvia/manjerona /tomilho q/b 01 pitada de ervas de Provence 1/2 tç de vinho branco Sal e Pimenta em grão q/b 02 colheres de sopa de açúcar 01 colher de sopa óleo de soja |
Preparo:
1- Faça uma marinada, com a cebola o alho, os temperos, o vinho branco, o sal e os grãos de pimenta. 2- Disponha os ossos em uma bacia retangular e cubra com a marinada, deixe por aproximadamente uma hora. 3-Em uma panela de pressão doure o açúcar no óleo de soja, junte os ossos de forma adequada e cubra com a marinada. 4-Quando começar a ferver, (No apito da panela) cozinhe os ossos por mais 35 minutos (reserve o caldo (brodo))
Dica: aproveite o caldo do cozimento do osso e transforme em um bom molho de carne usando Roux, para cada lt de liquido “Caldo” use 50 g de farinha e 50 de manteiga, faça da mesma forma do molho branco, o Roux possui 3 tonalidades, claro, médio e escuro, nesse caso faça um Roux escuro, quando estiver na cor de um pé de moleque e cheirando a pão torrado no forno é o momento de vc acrescentar o caldo do cozimento do osso, preste atenção, se passar um pouquinho vai ficar com um gosto bem ruim, no momento que vc juntar o caldo ele acaba escurecendo um pouco tb. Passe antes o caldo pelo chinoix, ou uma peneira, o ideal é vc fazer o osso em um dia, filtrar o caldo deixar na geladeira e retirar a capa de gordura que se forma sobre o caldo. Quando pronto misture umas 2 colheres de sopa de molho de tomate, e apure com vinho do porto. |
Esse ragu perfeito pode ser usado para fazer um risoto, para uma massa (com os pedaços do ossobuco desfiado) ou coado e reduzido para acompanhar uma polenta mole e codornas. Mil possibilidades!
Os queijos da Locanda Moscerino são encontrados em Canela, na Panni e em Gramado na Cooperativa Planalto, Casa do Colono – que fica ao lado da Rodoviária – e no Empório 235.
Para visitas à queijaria é preciso agendar pelo whats app (54) 99911.5718.
Saiba mais em @locandamoscerino @muskito14